Em abril deste ano o presidente
da Fundação Cultural de Santa Catarina, Joceli de Souza foi muito claro: o
espaço do CIC estava aberto para ensaios, oficinas e demais atividades. Durante
a ocupação dos artistas (OCUPACIC), neste mesmo mês, todos puderam realizar
suas atividades nos espaços do centro cultural, desde aulas e seminários até
ensaios e perfomances, tudo estava liberado no campo artístico (CIC) que o
estado nos propiciou (de forma incompleta e demorada) e que divulga a seguinte
missão e visão:
Missão: "Valorizar a cultura
através de ações que estimulem, promovam e preservem a memória e a produção
artística catarinense" (fonte: http://www.fcc.sc.gov.br)
Visão: "Ser uma instituição reconhecida pela
excelência na valorização da memória e estímulo à produção e difusão cultural,
com autonomia para realizar suas ações de modo a democratizar o acesso à cultura
no Estado de Santa Catarina" (fonte: http://www.fcc.sc.gov.br)
Na última quinta-feira dia 23 de
agosto, o GRUPO ETC foi para o CIC ensaiar O QUE VOCÊ ESTÁ OLHANDO? - trabalho que
será apresentado em Porto Alegre, no FITE, no próximo dia 31 representando a
Universidade do Estado de Santa Catarina, sem apoio nenhum desta mesma
instituição - e foi interrompido pelo segurança que alertou: "a administradora
está vindo aqui falar com vocês, enquanto isso a atividade não pode
continuar".
A câmera teve que ser desligada,
os atores tiveram que pausar a ação e por cerca de 10 minutos o grupo aguardou a
senhora Iara Rosalina da Silva, que carrega o crachá de administradora do
Centro Integrado de Cultura.
A senhora Iara questionou o grupo
de forma impaciente, disse que não havia autorização para a realização daquela
atividade, mesmo sendo no espaço externo do centro cultural (O QUE VOCÊ ESTÁ
OLHANDO é realizado na rua e não em espaço fechado), disse que alguém poderia
se machucar (como se os atores fossem crianças e não tivessem técnica,
orientação e seriedade), que não havia cabimento chegarmos lá e iniciar o
ensaio, mesmo lá sendo um espaço público e mesmo o grupo sendo composto por
acadêmicos do estado e ainda ressaltou que ela jamais invadiria o gabinete do
reitor da UDESC sem autorização e por isso, não poderiamos simplesmente chegar
e ensaiar.
Também acrescentou, em tom
áspero, que havia ligado para o sr. Joceli de Souza e que o presidente não
concedia aquela atividade. O grupo argumentou dizendo que o próprio sr. Joceli
ressaltou na época do OCUPACIC que aquele espaço estava aberto, e a sra. Iara
interrompeu dizendo: "iii... OCUPACIC já era..." - e virou as costas.
Por fim, depois de ofender de
diversas formas o grupo, inclusive colocando em pauta a educação dos artistas e
a seriedade do trabalho, protegida por seguranças, como se o grupo fosse
delinquente e assassino, o GRUPO ETC teve que sair do espaço.
O que destaca o momento final da
história é a ameaça que uma das diretoras do grupo recebeu de um dos
seguranças, ao se defender, de forma educada e inofensiva das ofensas da sra.
Iara: - você pode ser presa por
desacato.
Não houve dialógo, não houve
conversa, apenas a estúpida forma que o poder tem de excercer sobre o outro sua
vontade única, valendo apenas um lado, respeitando apenas um lado e calando
(apoiado na hierarquia) o lado mais fraco, neste caso, artistas jovens querendo exercer uma arte que questiona exatamente isso: mecanismos de poder e vigia.